Demissões: ex-líder do Prefeito na Câmara denuncia perseguição política contra servidores humildes da Secretaria de Saúde de Tauá

A demissão em massa de servidores que está ocorrendo na Secretaria de Saúde do município de Tauá foi denunciada na Tribuna da Câmara Municipal pelo ex-líder do Prefeito Carlos Windson no Legislativo, vereador Chico Neto, MDB.

Durante pronunciamento na última sessão do primeiro semestre legislativo realizada nesta segunda-feira, 25, o vereador acusou o prefeito de promover perseguição política contra servidores que votaram em parlamentares que apoiaram e trabalharam durante a campanha pela eleição de Carlos Windson.

Chico Neto disse que os servidores mais humildes que votaram nele e no prefeito estão sendo demitidos, enquanto pessoas que apoiaram outros candidatos em 2016, foram contratados. “Esta semana, o nosso prefeito Carlos Windson provou mais uma vez que quem votou nele não tem valor. Mandou procurar dedo a dedo quem votou nele na Secretaria de Saúde para demití-los. As pessoas mais humildes, mais pobres e os que ganham menos foram demitidas sem piedade”, disse o vereador, ao citar vários casos(veja o vídeo da sessão abaixo).

Irritado, o parlamentar disse que “ainda tem a cara de pau de dizer que as demissões são para cortar gastos. Tudo bem dr. Se é pra cortar os gastos corte as gratificações que você dá para as pessoas que não votaram em você! Gente que ganha mil reais e tem mais R$ 1.500,00 de gratificação. É um absurdo. São pessoas pobres que estão em desespero e precisam pagar suas contas porque confiaram em você” afirmou Chico Neto, classificando o ato de crueldade, covardia e ingratidão.

Chico Neto denunciou ainda que “boa parte desses servidores demitidos trabalham nas unidades do Programa Saúde da Família, prejudicando ainda o atendimento da população”.

Apartes

O pronunciamento do vereador Chico Neto foi aparteado por vários edis que protestaram contra as demissões feitas somente por perseguição política, sem justa causa.

O vereador Felipe Viana, PSD, disse que servidores estão sendo demitidos hoje e no dia seguinte já existem outros no lugar. “Como falar em contenção de despesas agindo dessa forma?”, questionou.

Já o vereador Antonio Coutinho, PSD, indagou se os funcionários demitidos seriam eleitores do vereador Chico Neto e ele respondeu que “o número de pessoas demitidas é muito maior, são pessoas que votaram no prefeito e andaram fazendo campanha pra ele nas últimas duas eleições que disputou.”

O vereador Vony Sousa, PT, que também deixou de apoiar o prefeito na Câmara, disse que “vai acompanhar e fiscalizar se é corte de gastos ou substituição de funcionários. Acredito que há uma pontinha de vingança contra os vereadores, o que é ruim. Levar pra esse lado é muito difícil”, afirmou, acrescentando ter presenciado quando um servidor ia chegando em sua casa para assistir ao jogo do Brasil, quando um mensageiro da Prefeitura gritou do meio da rua perguntando ao funcionário se o vereador(Vony) dele já tinha comunicado que ele estaria demitido. “Uma forma muito vil, inadequada. Existem os departamentos para cuidar disso, não precisa chegar a esse ponto. As pessoas vão saber o motivo na hora certa”, criticou, salientando que “nas próximas sessões vamos tratar de um assunto mais sério do que tá procurando funcionários pra demitir”, disse Vony.

Outro ex-aliado, que foi Secretário de Agricultura, o vereador Argentino Filho, MDB, classificou como “boa desculpa esse argumento usado pela gestão para promover as demissões, só que eu tenho provas de quando as pessoas entravam no RH(Recursos Humanos) da Secretaria de Saúde e que o servidor perguntava porque estava sendo demitido era indagado em quem tinha votado e quando respondia que tinha votado no Prefeito e no Vereador Argentino, o servidor do setor afirmava que era por esse motivo(ter votado no parlamentar)”, acusou, salientando que “isso está caracterizado como perseguição política. Essas pessoas tem um contrato, embora a seleção feita pela Secretaria de Saúde aqui no Tauá como todos nós vereadores sabemos, não foi uma seleção legal, porque simplesmente colocavam as pessoas para trabalhar e pode deixar que a seleção eu cuido aqui. Que seleção é essa? onde foi feita essa seleção? e isso tem provas, pode chamar 100 funcionários que todos vão dizer que a seleção foi feita dessa maneira”, denunciou Argentino, pedindo a convocação do Secretário de Saúde Dr. Joel Campos, para explicar como foi feita a seleção e a demissão em massa de funcionários. O vereador disse ter provas que as demissões tiveram motivação política e que o caso será levado ao conhecimento do Ministério Público. “Isso tem que ser denunciado”, afirmou.

Ex-aliados

Chico Neto, Vony Sousa e Argentino Filho pertenciam a base de apoio do Prefeito Carlos Windson na Câmara Municipal até o início de junho, quando partidários e assessores do gestor e do Dep. Audic Mota divulgaram vídeos nas redes sociais acusando os 3 vereadores de estarem fazendo negociatas para afastarem o prefeito do cargo.

Após identificarem os autores das imagens e das postagens nas redes sociais(inclusive que as compartilhou), os parlamentares registraram Boletins de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil e entrarão com ações por danos morais na Justiça, que segundo o vereador Argentino Filho, os pedidos de indenizações somam cerca de R$ 1 milhão.

Após serem execrados nas redes sociais, os 3 vereadores romperam com o prefeito Carlos Windson e com o Deputado Audic, e anunciaram uma postura de independência na Câmara Municipal.